É muito provável que em algum momento da sua vida, você já se sentiu incapaz para assumir determinada responsabilidade – seja no trabalho ou até na vida pessoal. Ou então sentiu aquela sensação que não é merecedor de algo…Um cargo, um relacionamento, uma promoção…

Se essa sensação  for algo frequente, saiba que você pode sofrer com a Síndrome do Impostor, que também é conhecida como pessimismo defensivo. Ela não é classificada como uma doença e sim como uma desordem mental e os sintomas dessa desordem podem ser parecidos com os sintomas da depressão, ansiedade e baixa autoestima.

Os estudos sobre esse tema começaram no final da década de 1970, lá nos Estados Unidos. As psicólogas norte-americanas responsáveis por esse estudo foram Pauline Clance e Suzanne Imes, da Universidade Estadual da Geórgia. Elas realizaram um experimento com 150 mulheres em posição de destaque profissional e a conclusão foi que quanto maior o prestígio profissional dessas mulheres, mais elas sentiam-se inseguras e acreditavam ser uma fraude.

Agora, voltando para 2020 – esse ano que foi bem desafiador em diversos aspectos, inclusive no aspecto emocional-, corroborou para intensificar a quantidade de pessoas afetadas por essa síndrome.

Segundo a FIA ( Fundação Instituto de Administração), durante a pandemia, 46% da empresas adotaram o modelo de home office e isso acabou funcionando como um agravante para essa síndrome por dois motivos principais e o primeiro é pela ansiedade que este modelo pode gerar em algumas pessoas.

Já o segundo é a comparação e competitividade, que saiu do ambiente físico e foi para o ambiente virtual – onde vale ressaltar que realidade pode ser editada, floreada e nem sempre condiz com o que de fato acontece na vida real.

Ansiedade, tendência em se comparar e a Síndrome do impostor

Trabalhar em casa é algo que deixa as pessoas mais ansiosas. Nós já vivemos em uma era em que a ansiedade é muito presente no dia a dia, e em 2020 isso foi intensificado.

E é curioso pensar que várias pessoas mudaram suas rotinas durante esses meses de pandemia e não precisaram encarar o trânsito, economizando uma quantidade considerável de tempo com deslocamentos, por exemplo. Puderam dedicar mais tempo com os outras atividades como exercício físico, cursos de idiomas, meditação e por aí vai…

Mesmo assim, para algumas pessoas, o estresse aumentou no esquema home. E esse estresse pode ter como origem a ansiedade que foi gerada por conta do “estranhamento” que é não ter o chefe ou os colegas de trabalho por perto “monitorando” a sua produtividade. E aí você passa a querer produzir mais, ser mais rápido e mais assertivo, para validar que você está trabalhando de fato. E isso pode acontecer  em um nível quase inconsciente.

Essa ansiedade acaba esbarrando em um segundo fator que é o perfeccionismo. Por conta desse estranhamento por não ter ninguém por perto, essa necessidade de fazer tudo com a máxima qualidade possível, nasce para amenizar essa ansiedade. Mas acontece justamente o oposto. O perfeccionismo, quando em excesso, aumenta ainda mais o nível de estresse de maneira considerável. E o estresse, por sua vez, é um dos principais facilitadores da ansiedade. Na realidade um alimenta o outro e vira uma bola de neve.

Já o segundo ponto que corrobora com a Síndrome do Impostor é a comparação e a competitividade. E as redes sociais funcionam como uma lupa, uma lente de aumento. Já tem um tempo que as redes sociais e a internet fazem parte da nossa vida familiar, profissional, social e até amorosa. Em 2020, esses espaços ganharam ainda mais relevância por conta da pandemia.

A internet, neste ano, se tornou uma praça pública. Absolutamente tudo foi concentrado no ambiente virtual e isso tem seus prós e contras. Um desses contras é o seguinte: as pessoas passaram a encontrar seus modelos de comparação na internet. Atire a primeira pedra quem nunca escrolou o feed e ficou comparando a própria rotina com a rotina das outras pessoas?

Essas comparações podem causar a sensação de que você sempre está um passo para trás em relação ao outro. Em menor ou maior grau, isso acaba interferindo na nossa autopercepção e pode, em alguns casos, acarretar no desenvolvimento dessa síndrome do impostor.

Talvez seja por isso, que essa síndrome esteja encontrando uma ressonância maior neste cenário que estamos inseridos, por conta de todas as incertezas e pressões emocionais desses tempos. Além da ansiedade, do perfeccionismo e dessa tendência em se comparar existem outras questões como:

  • insegurança
  • baixa autoestima
  • complexo de inferioridade

É claro que tanto essa tendência quanto o grau disso, vai variar muito de acordo com cada pessoa, com as crenças que essa pessoa carrega e também como foi o período de formação desse indivíduo. Uma das causas possíveis para esse padrão disfuncional de pensamento é o excesso de cobrança das relações primárias ( pai, mãe, avós, irmãos…).

Pais que exigiram um excelente desempenho dos filhos e eram muito críticos em relação às falhas, por exemplo, é algo que sem dúvida contribui para a falta de autoconfiança e para o sentimento de desvalorização das próprias habilidades e talentos.

Essa síndrome acarreta um sentimento constante de inadequação, mesmo diante de elogios e reconhecimento externo, e pode evoluir para outros transtornos como ansiedade generalizada e até a depressão.

Geralmente, quem sofre com essa síndrome, precisa trabalhar a autoestima, reconhecer os motivos que desencadearam essas crenças e padrões limitantes de comportamento. Definir metas e traçar estratégias também é fundamental para ter clareza sobre o que você deseja de fato e quais são os recursos que você tem neste momento que podem te levar até os seus objetivos.

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