Como está esse comecinho de 2021 para você? Ele já começou cheio de expectativas ou ainda tá rolando aquela ressaca de 2020? É curioso pensar que essa pandemia nos isolou, mas isso não significou a ausência de “barulho” – externo ou interno. Ao contrário: ficamos superconectados e isso pode ser bastante nocivo para o nosso bem-estar.

Por isso o tema do artigo de hoje é sobre a importância do silêncio para a saúde emocional.

Você se lembra quando foi a última vez que ficou em silêncio?

Ficar em silêncio ou então em um ambiente silencioso é algo quase que inimaginável hoje em dia, né? São tantos estímulos simultâneos que permanecer em um estado de quietude e contemplação por alguns minutos parece coisa de monges que vivem em um estado clausural.

Porém, estamos tão habituados ao excesso de informação que nem nos damos conta sobre a importância do silêncio para descansar a mente.

Afinal, é no silêncio que encontramos espaço e é justamente nesse espaço que caminhos internos podem ser percorridos. Talvez justamente por isso ele é tão amedrontador para algumas pessoas.

Silêncio desconfortável

Parece que desaprendemos a conviver com momentos silenciosos. Basta a gente pensar como era a vida há 50, 60 anos… Bem antes do computador, e-mail, ipood e smartfones…Hoje, não lidamos tão bem com a introspecção que o silêncio propõe já que temos na palma da mão o acesso a qualquer tipo de conteúdo e informação.

Mas também não podemos atribuir exclusivamente essa dificuldade apenas à tecnologia. Lá em 1600, o filósofo Blaise Pascal dizia que todos os males da humanidade advém da nossa incapacidade de sentar sozinhos em um quarto. É só você parar para pensar: o que você sentiria se restasse 15% de bateria no seu celular e acabasse a energia? Possivelmente uma certa angústia, ansiedade e um tédio gigantesco depois de poucos minutos.

Mas, quais os motivos dessas sensações? Todo esse barulho externo tem o poder de aplacar certos ruídos internos que podem ser bem desconfortáveis de encarar. É uma espécie de mecanismo de defesa que construímos para não precisar entrar em contato com certas questões internas. O medo, na realidade, não é do silêncio. É de descobrir certas insatisfações, emoções e até alguns desejos que ficam reprimidos em meio a tanto barulho.

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Síndrome de FoMO – “fear of missing out”

Junto com a expansão da tecnologia, vieram algumas síndromes que são causadas por conta da nossa relação com ela ainda ser muito recente e, por conta disso, ainda somos “imaturos” nesse sentido.

O termo surgiu no início dos anos 2000 e foi definido como “medo de ficar de fora” por conta da constante necessidade em saber o que as pessoas estão fazendo e, geralmente, ela vem associada com angústia, comparações e ansiedade.

Ramesh Manocha, psiquiatra da Sydney Medical School – que é uma instituição pioneira em pesquisas sobre meditação-, diz que se desconectar e ficar em silêncio melhora a produtividade, a criatividade e amplia o sentimento de satisfação.

Além disso, o silêncio é uma peça importante do processo de autoconhecimento, ele também faz parte da nossa natureza. Uma melodia é composta por uma sucessão de sons e silêncios…E a vida também.